Outono instalado, os céus ainda não estão totalmente limpos para observação, mas sempre é possível acompanhar alguns objetos celestes. Este mês tenho histórias interessantes para contar.
E o dia se despede, a noite joga seu manto e nele as primeiras estrelas começam a cintilar. Observamos Orion bem próxima do horizonte oeste, Sirius a estrela mais brilhante do céu e outra estrela brilhante que na verdade é o planeta Júpiter. Acompanhe no esquema abaixo (posições para meados de Abril).
Júpiter é o maior planeta do sistema solar. Sinto uma curiosidade em saber por que os antigos, que não tinham telescópios, e, portanto não sabiam sobre o tamanho do planeta, chamaram-no pelo nome do deus maior, Júpiter.
Júpiter é também o mais massivo e se tivesse apenas 80 vezes mais massa seríamos um sistema com duas estrelas, o Sol e Júpiter. Como seria ter duas estrelas no céu? O planeta também é semelhante ao Sol por ter uma atmosfera composta predominantemente de hidrogênio e Helio.
Inconfundível é sua aparência constituída de anéis claros e escuros. Os anéis claros são nuvens compostas de cristais congelados de amônia. Os escuros são nuvens compostas de diversos elementos químicos. Estas nuvens se deslocam a 640 km/h.
Tudo é muito grande em Júpiter. Seu campo eletromagnético é 20.000 vezes mais intenso que o da Terra e o mais intenso de todos os planetas do sistema solar. Apesar do seu tamanho, gira muito rapidamente, ou seja, dá uma volta completa em torno de seu eixo em 9h! Compare. A estrutura deduzida do planeta é muito interessante.
Um núcleo, pouco menos de 10 vezes a massa da Terra composto de camadas de metais, rochas e metano e amônio congelados. Um manto fluido de hidrogênio metálico e a densa atmosfera de nuvens composta principalmente de hidrogênio.
Voltando às estrelas. Uma das constelações em evidencia e relativamente fácil de encontrar é a constelação de Leão. Veja esquema abaixo e baseie-se no esquema anterior para ajudar a se localizar.
Como um Leão foi parar no céu? Bem, são muitas as histórias.
Leão é uma das mais antigas constelações. Os mesopotâmios em 4.000 a.C. tinham uma constelação denominada Leão. Os persas a chamavam de Shir ou Ser e os babilônios de Ur.Gu.La, o Grande Leão. Os Sirios a conheciam como Aryo e os turcos de Artan.
A constelação tem algumas estrelas bem brilhantes e uma delas é Regulus, que os babilônios conheciam como a Estrela Rei.
De acordo com a mitologia grega este leão do céu correspondia ao grande Leão de Nemeia, morto pelo herói Hercules.
Este leão habitava uma caverna na cidade de Nemeia e estava dizimando a população e ninguém conseguia matá-lo, já que sua pele era protegida de tal modo que nada conseguia perfura-la ou rasga-la. Hercules foi chamado para ajudar e depois de refletir um pouco, conseguiu prender o leão na sua caverna e lutou com ele até conseguir sufoca-lo.
Utilizou então as próprias garras do leão para tirar sua pele e com ela fez um tipo e manto que o protegia nas lutas. Este foi o primeiro dos trabalhos de Hercules.
Vamos saber um pouco sobre as estrelas mais brilhantes.
REGULUS
A estrela mais brilhante da constelação é Regulus, o coração do leão. Quando olhar para ela, saiba que é um sistema de quatro estrelas localizado a 77 anos luz de distancia.
Regulus A é uma estrela da sequencia principal tipo branca/azul que tem uma companheira ainda não observável, provavelmente uma anã branca. As duas completam uma volta em torno de um centro de massa comum em 40 dias.
Regulus A é uma jovem estrela com apenas alguns milhões de anos, 3,5 vezes a massa do Sol e gira muito rapidamente em torno de seu próprio eixo, cerca de 16h. Isto é tão critico se fosse apenas 16% maior a força gravitacional não daria conta e a estrela se romperia.
Regulus B e C tem um movimento próprio e também são estrelas da sequencia principal, classe K e M. A distancia entre elas é de 100 Unidades Astronômicas (distancia Terra-Sol), que equivale a distancia entre o Sol e Saturno com período de 2.000 anos!
DENEBOLA
Outra jovem estrela, com cerca de 400 milhões de anos, da sequencia principal, classe A. Situa-se a 36 anos luz de distancia.
Assim como Regulus, possui movimento rotacional muito rápido, e um ponto no equador da estrela tem velocidade de 120km/h. É uma estrela muito interessante por dois motivos, um deles é que apresenta excesso de radiação no infra vermelho, o que sugere estar imersa em um disco de gás e poeira, portanto com possibilidade de abrigar planetas em formação.
Outro é que ela pertence a um super grupo de estrelas que estão em um movimento único, mas sem ligação gravitacional. Outras estrelas que estão neste movimento sincronizado são: alfa da constelação de Pictor, beta da constelação do Cão Menor e um aglomerado de estrelas na constelação de Vela.
ZOSMA
Outra jovem estrela, classe A situada a 58 anos luz e que gira muito rápido, no equador um ponto se deslocaria a 180km/h.
Da mesma forma que Denebola faz parte de um super grupo de estrelas que estão sincronizadas, mas agora com as estrelas mais brilhantes da constelação da Ursa Maior, entretanto sem ligação gravitacional.
OBJETOS INTERESSANTES
WOLF 359
Uma anã vermelha, a terceira estrela mais próxima de nós, apenas 7,7 anos luz. Ela é muito pequena, uma das menores descobertas até hoje. Possui 8% da massa do Sol e 16% do seu raio.
Entretanto apresenta constantes alterações de brilho indicando a ocorrência de grandes explosões onde são lançadas ao espaço grande quantidade de radiações X e gama.
É uma das favoritas nos filmes de ficção, por exemplo, foi palco da Batalha Wolf 359 onde o Galáctica, entre elas onde estava Benjamim Sisko, futuro capitão da Deep Space Nine. Também aparece no filme Limites Exteriores (The Outer Limits).
MESSIER 65 OU NGC 3623
Uma bela galáxia espiral situada a 35 milhões de anos luz de nós. Não possui muito gás ou poeira e, portanto quase está quase sem atividade em seus braços.
Apresenta-se de perfil em relação a nosso ponto de vista e seu núcleo parece estar um pouco deslocado. Como esta região central tem apresentado atividade, tudo indica que ela está interagindo com algum outro objeto celeste.
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